A Guerra do Paraguai e o seu reflexo na Amazônia rondoniense.

As origens da cidade de Porto velho

A Capital do Estado de Rondônia tem uma dívida de honra com os militares que defenderam nossas terras contra as ameaças paraguaias, sofrendo certamente as maiores dificuldades e privações, e, sem saber, foram os primeiros habitantes, fixaram no mapa o melhor local para se erguer uma cidade, e finalmente, construíram o ancoradouro (porto) que mais tarde foi chamado de Porto Velho.

Em 1866 o Império Brasileiro visando impedir possíveis investidas paraguaias em terras brasileiras determinou que um grupamento de militares, que deve ter vindo de Belém, assentassem o seu acampamento na colina adjacente à praça onde mais tarde foram erguidos os armazéns da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré.

A força militar preferiu acampar ali e não na Vila de Santo Antônio, já existente naquela época. O primeiro motivo, deve ter influído na decisão do Comandante do destacamento o fato das péssimas condições de higiene e saúde da Vila, com esgotos a céu aberto, em que se abatia gado nas ruas, onde ficavam jogados ossos e o sangue dos animais. A malária, a febre amarela e a beribéri dominavam o local, pelo que a permanência da tropa nessas condições poderia ocasionar grande número de baixas, antes mesmo da esperada invasão das forças bolivianas caso firmasse aliança com os paraguaios. O outro motivo, é de ordem tática, a escolha do monte foi a sua situação privilegiada para uma perfeita vigilância do Rio Madeira, além de ficarem os soldados livres de um ataque de surpresa na Vila de Santo Antônio, de onde soaria o alarme (BORZACOV, 2007).

Necessariamente, esse acampamento possuía um porto para comunicar-se constantemente com a Vila de Santo Antônio. Estavam próximo de uma eminente guerra, quando o Império enviou a Bolívia o embaixador Simões Netto, para realizar um Tratado Internacional onde fez grandes concessões que afastou os bolivianos do Paraguai. Conhecido por selar a paz entre o Brasil e a Bolívia, o Tratado de Ayacucho foi assinado em 23 de Março de 1867 e é conhecido por diversos nomes, principalmente Tratado da Amizade ou tratado Muñoz-Netto. Pelo Tratado a Bolívia cederia ao Brasil a região onde hoje se encontra o Estado do Acre e o Brasil se comprometeu a dá uma solução para as correiras do Rio Mamoré e Rio Madeira, foi a primeira vez que estudos apontaram para a construção de uma ferrovia para viabilizar a escoamento da riquíssima borracha boliviana pelos Rio Mamoré e Rio Madeira até ao Mar Atlântico.

Assegurada a paz com a Bolívia, não havia mais a necessidade de permanecer uma tropa nas cachoeiras do Rio Madeira, e ela foi embora, seu porto também foi abandonado e coberto pela mata, a guerra contra Paraguai acabou e nosso Porto Militar ficou conhecido como “Porto Velho dos Militares”.

Mas tarde, quando os norte-americanos de Farquhar vieram construir a Ferrovia Madeira-Mamoré, eles reconheceram que as margens do Rio Madeira, em Santo Antônio, não tinham condições de abrigar um porto seguro, livre de correntezas fortes e pedrais, perigosos para a navegação de grandes barcos. Lembraram-se então do humilde Porto Militar, agora velho e quase apagado do mapa, mas que era muito profundo e remansoso, ideal para ser estação inicial de uma grande ferrovia, necessitada de segurança para carregar os navios oceânicas de grande capacidade de carga para transportar as montanhas de pelas de borracha da Bolívia, a partir daí o renascimento do velho porto militar, ou, melhor, o nascimento da futura e gloriosa cidade de Porto Velho (BORZACOV, 2007).   

Referências:

BORZACOV, Yêdda Pinheiro. Porto Velho – 100 anos de História. Porto Velho, 2007.

LIMA, Abnael Machado de. Porto Velho: de Guapindaia a Roberto Sobrinho 1914 -2009. Porto Velho: Gráfica Primmor Formulário da Amazônia Ltda, 2012.

Um comentário em “Século XIX (1864-1870).

  1. É uma satisfação saber desse importante veículo de divulgação da história da nossa querida Corporação. Parabenizo os companheiros que tiveram a louvável idéia de criá-lo e ativá-lo, e conclamo a todos a contribuir para o seu acervo.

    1. Agradecemos o comentário, e esperamos que o Museu Virtual seja um espaço para a construção da história da Polícia Militar do Estado de Rondônia.

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