A particularidade da História Oral deve ser elástica e flexível, como metodologia de pesquisa, nos permite apresentar dados importantes do cotidiano dos entrevistados, que talvez por outra fonte não seria possível alcançar. Sem contar que, com esta metodologia é possível colocar em destaque a fala apresentada sob a visão dos sujeitos da pesquisa, transformando-os em atores da produção teórica; possibilitando conhecer uma historicidade local singular, visto que os pesquisados estão situados historicamente nas dimensões do espaço e tempo.

A realização das entrevistas possibilita um contato direto com os sujeitos e, conforme as reflexões de Alberti (2004, p. 14), “[…] temos a sensação de ouvir a história sendo contada em contínuo, temos a sensação de que as descontinuidades são abolidas e recheadas com ingredientes pessoais: emoções, reações, observações, idiossincrasias, […]”. Nesse aspecto, a História Oral poderá contribui para o resgate histórico e a preservação da memória da Polícia Militar do Estado de Rondônia, pois sustentados em narrativas orais sobre nossa realidade, este trabalho possibilitará alcançar nossos objetivos, ainda segundo Alberti (2004, p. 14) “[…] é como se pudéssemos obedecer a nosso impulso de refazer aquele filme, de reviver o passado, através da experiência de nosso interlocutor”. Para Alberti (2004):

Como em um filme, a entrevista nos revela pedaços do passado, encadeados em um sentido no momento em que são contados e em que perguntamos a respeito. Através desses pedaços, temos a sensação de que o passado está presente. A memória, já se disse, é a presença do passado (ALBERTI, 2004, p. 15)

Alberti (2004b) identificou o ajuste entre, de um lado, a fantasia de restabelecimento do vivido e, de outro, a tarefa da memória em dar significado ao passado como particularidade da História Oral. Mas também acredita que a característica fundamental do documento de História Oral não versa sobre serem as informações inéditas, muito menos no preenchimento de espaços de que se ressentem os arquivos de documentos escritos ou iconográficos, por exemplo. A particularidade da História Oral como um todo procede de toda uma postura com analogia à história e às conformações socioculturais, que privilegia a reconstrução do vivido idêntico concebido por quem viveu. Quando dizemos que a narrativa, na História Oral, constrói o passado, isso não quer dizer que o passado não existiu antes.

Referências:

ALBERTI, Verena. Ouvir Contar: textos em história oral. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004.

ALBERTI, Verena. Manual de História Oral. 2ª ed. – Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004b.

Neste tópico disponibilizamos trechos de algumas entrevistas realizadas com policiais militares do Estado de Rondônia: